Como se transforma um povo em pessoas desesperadas
- Após 6 meses sem renda, a água batendo na bunda, nada do que tenta dá
certo;
- Tudo à tua volta contribui para teu desespero, o alto custo do ensino,
o alto custo de vida, as mercadorias escasseando em tua mesa, a falta de
perspectiva para a aquisição do que comer, para o dinheiro da passagem
do ônibus para o dia seguinte, a luz, a água, o telefone, o aluguel,
enfim...
- Em algum momento, de alguma forma, você ainda tinha alguma coisinha
que entrava, de repente, nada mais entra; tudo te foi cortado, nenhuma
fonte de renda te sobra, nem mesmo os programas sociais, pois, até eles
foram cortados.
- Médicos, convênios, dentistas, tudo o que você precisa, está pela hora
da morte; para onde correr? Correr para onde? não há meio algum, tudo te
falta, até mesmo a condição para chegar até o pronto socorro mais
próximo, e lá também, não existe atendimento, porque tudo está cortado,
não existem leitos, não existem medicamentos, e nem mesmo perspectivas
para atendimentos.
- Todas as portas estão fechadas, dezenas de currículos entregues por
mês, e em alguns momentos, você extrapolou e entregou até mais de um
currículo ao mesmo tempo e ainda assim, nada surte efeito.
Dessa forma, ou, como descrito acima, consegue-se os trabalhadores ideais
- Aqueles que aceitarão qualquer sacrifício, e por qualquer salário;
- Melhor dizendo, nem em salário se fala, o camarada estará disposto a
tudo e por qualquer coisa;
- Porque pensar em negociar, afinal de contas, o que não conta nestas
circunstâncias são as condições, afinal de contas trabalha-se em
quaisquer condições;
- E porque não longe da sua família? Afinal de contas, tudo o que se
necessita é colocar, ainda que seja, apenas um pedaço de pão sobre a
mesa para a família;
- Ética? Moral? Caráter? Conceitos? Desde quando se poderá falar em
qualquer coisa neste sentido, afinal de contas, o que vale é o que posso
levar para casa ao final do dia. Se vamos viver uma semana, amanhã verei
o dia de amanhã, agora tenho que ver do de hoje. E é claro que te vendo
toda a minha terra, toda a minha propriedade, e por qualquer dinheiro,
afinal de contas, você está me fazendo crer que você poderá criar uma
fonte de renda nela
E naturalmente nas condições acima descritas, conseguimos então, os
cidadãos desorientados
- Imagine que ele terá tempo para pensar em problemas ambientais? Afinal
de contas o aluguel é o que ele tem de mais urgente para pagar!
- desde quando poderá pensar em direitos de minorias? O emprego que ele
necessita para suprir as necessidades básicas de sua família, fala muito
mais alto!
- O que é essa coisa de reforma agrária? Imagina que tenho cabeça para
sequer pensar em imaginar o que seja esse bicho, afinal de contas, eu
não creio que "reforma agrária" seja algo que seja de comer, e a
urgência de meus filhos é ter o que saciar sua fome agora!
- Um dia no passado, creio que até já imaginei o que fossem refugiados?
Mas hoje, eu creio que refugiado sou eu, pois não tenho para onde ir,
não tenho o que comer, não tenho nada de meu, a não ser as doenças que
me exigem, que eu tenha condições de pagar pelos remédios que necessito!
- Bem, meu pensamento mais longo é do alimento de agora, para o alimento
da próxima refeição. Ou seja, pensar a longo prazo? Ora, ora, ora, como
poderei pensar a longo prazo se tudo o que tenho são problemas, que
requerem solução agora!
(ap. Ely Silmar Vidal - Teólogo, Psicanalista, Jornalista e presidente
do CIEP - Clube de Imprensa Estado do Paraná)
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Mensagem 250818 - O desespero transforma o homem, quer ver? - (imagens
da internet)
Que o Espírito Santo do Senhor nos oriente a todos para que possamos
iluminar um pouquinho mais o caminho de nossos irmãos, por isso contamos
contigo.
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quinta-feira, 30 de agosto de 2018
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